CESARIANA

A cesárea é uma técnica realizada para retirar o feto de dentro do útero materno, podendo ser um procedimento eletivo ou emergencial. Em qualquer uma das situações o profissional veterinário escolhido deve estar preparado, pois o tempo de cirúrgica e o protocolo anestésico vão influenciar no estado geral dos fetos ao nascimento.

Algumas coisas devem ser avaliadas no momento da decisão por uma cesárea ou pelo parto normal, como raça da mãe, histórico reprodutivo, tamanho dos fetos e estado geral da fêmea. Não é necessário esperar que a mãe entre em trabalho de parto para se fazer uma cesariana, este procedimento pode ser agendado, lembrando que o acompanhamento ultrassonográfico da gestação e viabilidade fetal é indispensável.

Raças braquiocefálicas (Bulldog inglês, Pug, Bulldog francês, Boston terrier), fêmeas com distocia anterior, fêmeas má nutridas, presença de apenas um filhote ou de muitos filhotes são fatores que nos levam a optar pela cesariana.

A anestesia que será usada é um fator imprescindível a ser considerado no momento da cirurgia, por isso, o cirurgião deve confiar no seu anestesista e este deve ter prática em cesáreas, afinal, os filhotes também sofrerão influencias destas drogas. A anestesia deve conferir analgesia à mãe, ao mesmo tempo que não deve causar depressão fetal, por isso deve-se escolher anestésicos que atravessem menos a barreira placentária. A depressão neonatal está ligada à duração e profundidade da anestesia.             

             Uma das anestesias mais seguras para cesariana é a epidural, por deprimir menos o feto, em alguns casos a mãe permanece acordada ou levemente sedada durante a cirurgia. Outra anestesia ainda segura e utilizada em maior escala pela facilidade é a anestesia inalatória com isofluorano. Porém, ambas devem ser associadas com uma MPA que também não deprima os fetos.

Se necessário, os fetos, após nascimento, devem ser reanimados apenas secando seu corpo com uma compressa de forma a expulsarem os líquidos do pulmão. Nunca chacoalhar o filhotes! Eles devem estar rosados e respirando bem. O estado que os filhotes serão retirados dependerá não só da anestesia, mas também da condição da mãe, se foi distocia e se estavam prontos para nascerem (frequência cardíaca e peristaltismo intestinal).

Mais um fator importante a ser lembrado é que a fêmea após a cirurgia deve estar acordada para amamentar os filhotes, pois será fundamental a ingestão do colostro nas primeiras horas. Muitas vezes, nesta fase inicial, temos que auxiliar os filhotes a pegar a teta da mãe e ensinar a mãe a cuidar de seus filhotes, pois o procedimento cirúrgico não é um ato fisiológico, sendo esperado que a fêmea demore até 24 horas para reconhecer sua prole.

Após a cesariana a mãe deve ser medicada com antibióticos, analgésicos e anti-inflamatório, lembrando que estes serão passados aos filhotes através do leite materno. Um curativo deve ser mantido na sutura, evitando que os filhotes no momento da amamentação machuque a mãe.

A fêmea que passa por uma cesariana deve obrigatoriamente pular um cio, podendo ser coberta ou inseminada apenas um anos depois, pois o útero deve ter tempo de cicatrizar e de retornar ao seu tamanho normal. Esses cuidados prolongam a vida reprodutiva da fêmea.